RC MOTTA 07nov12 024

Como melhorar o rendimento do gado com a suplementação

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Olá pessoal!

Hoje o tema escolhido é a tão importante suplementação animal. Muitos nem imaginam a diferença que faz a suplementação alimentar no rendimento da carcaça.

A suplementação animal evoluiu muito de 50 anos para cá, o capim não fornece tudo o que o animal precisa, segundo especialistas. Antigamente, o comum nas fazendas era ter nos cochos apenas o sal,  contendo cloro e sódio. Atualmente, os pecuaristas têm disponível no mercado uma diversidade enorme de produtos proteinados e minerais. São os chamados suplementos que funcionam para acelerar o ganho de peso do gado.

Hoje, um bom produto é aquele que contém em média 35% de sal, este que tornou-se um simples ingrediente para atrair o animal e regular o consumo. A evolução aconteceu quando foram adicionados os outros 65% de minerais como, Cálcio, fósforo, sódio, magnésio, enxofre, cobre, zinco, iodo, selênio… Hoje temos disponível no mercado, produtos com proteína e energia, que além de sal e minerais tem também milho, uréia, farelo de soja, formando uma espécie de ração super enriquecida.

Os suplementos proteicos e energéticos variam muito de acordo com a categoria do animal. Há um produto para cada fase do rebanho e para ser usado o ano todo. A evolução não termina aí. Muitos produtos já contam com os chamados aditivos químicos ou biológicos que são moléculas que promovem o crescimento e melhoram a eficiência alimentar.

Segundo pesquisas, para cada R$ 1 investido na compra de um bom suplemento, o retorno é de no mínimo R$2. Ou seja, dobrado.  De acordo com dados da Asbram – Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais, o volume de vendas desses produtos cai em 30% no período chuvoso, Estima-se que apenas 50% do rebanho brasileiro seja suplementado corretamente e, que boa parte só faz a utilização no período de seca.

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Crédito: tecnoblocknutri

Aproveito para citar alguns trechos doo artigo da Valéria Pacheco Batista Euclides, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, que se chama Suplementação alimentar com concentrado em pastagens.

Ela diz que para a terminação de animais precoces, faz-se necessário utilizar alguma estratégia de suplementação em suas rações. No contexto nacional, essa tecnologia pode contribuir para a melhoria de diversos índices zootécnicos importantes e da eficiência dos sistemas produtivos. A suplementação da ração das fêmeas resulta em redução da idade na primeira cria, melhoria da concepção de vacas de primeira cria e aumento do peso na desmama. Já na suplementação da ração de machos e de fêmeas não destinadas à reprodução, ela  assegura maior ganho de peso e redução na idade de abate.

No trabalho, a Valéria diz que a combinação desses benefícios produz incrementos nas taxas de desfrute, maior giro de capital e maior rentabilidade do sistema.

Afirma que ainda não existe um programa de computador para a formulação de suplementos alimentares para bovinos em condição de pastejo que tenha sido validado para as condições brasileiras. As formulações dos suplementos podem ser estruturadas em dois grupos, dependendo do desempenho a ser alcançado. Se o objetivo da suplementação for ganho diário de até 250 gramas, há necessidade de se incluir energia no sal mineral, além de proteína verdadeira. Nesse caso, a mistura tem sido comumente denominada de “mistura mineral múltipla”. Recomenda-se essa suplementação, durante todo o período seco, para animais em crescimento, próximos da terminação, em lactação ou em final de gestação. Naturalmente, para manter o mesmo consumo da mistura por quilo de peso vivo, a porcentagem do sal branco será menor para bezerros que para novilhos ou adultos.

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Créditos: dicasparaempreender

Outro procedimento que  trabalho da Valéria explica que pode ser utilizado para otimizar o uso das pastagens e a manutenção de níveis mais elevados de produção é a suplementação alimentar por meio de uma mistura balanceada de concentrados. Nesse caso, as taxas médias de ganho de peso, durante o período de suplementação, variam entre 500 e 900 g/dia, dependendo da quantidade de suplemento oferecido (0,6% a 1% do peso vivo), do tipo de animal, da condição corporal, da forragem disponível, do tamanho dos pastos, da distância das aguadas e da declividade do terreno. Esse manejo alimentar pode ser adotado para qualquer categoria de animal do rebanho de corte. No entanto, na prática, tem se mostrado mais vantajoso para animais em acabamento, caso que é conhecido, também, como “semiconfinamento”.

Suplementos energéticos reduzem o consumo e a digestibilidade da forrageira, efeito que será maior, à medida que forem aumentadas as quantidades de suplemento fornecidas. Alimentos com altos teores de carboidrato não-estrutural (CNE) provocam decréscimos no pH do rúmen, reduzindo o crescimento das bactérias fibrolíticas. Os subprodutos fibrosos que contêm baixos teores de CNE têm resultado em menor impacto negativo sobre o consumo e digestibilidade da forrageira. Soja em grão, resíduo da pré-limpeza de soja e caroço de algodão são alimentos ricos em proteínas e em energia. Farelos resultantes do processamento de cereais, como arroz e trigo, podem também ser usados na formulação de rações.

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Suplementos energéticos e protéicos são freqüentemente fornecidos para aumentar o desempenho animal. No entanto, esse acréscimo pode ser maior ou menor que o esperado, dependendo da quantidade e do tipo de suplemento. Esses desvios do esperado são conseqüências das interações entre a forragem e o suplemento, aumentando ou decrescendo o consumo de forragem, assim como a disponibilidade da energia ingerida. Quando os animais têm forragem à vontade e recebem quantidades limitadas de concentrado, podem produzir dois efeitos, denominados “aditivo” e “substitutivo”. O efeito aditivo pode ser avaliado pelo aumento do ganho de peso e o substitutivo pela redução no consumo de forragem. A importância desses efeitos é determinada principalmente pela qualidade da forragem. Em forragens de baixa qualidade, o consumo é baixo e não é reduzido significativamente quando se fornece concentrado, caracterizando o efeito aditivo. Se, por outro lado, a forragem for de boa qualidade, o fornecimento de concentrado poderá promover redução na ingestão de forragem. Assim, a suplementação, especialmente durante as águas, deve ser conduzida de forma bastante criteriosa. É importante mencionar que geralmente se observa efeito aditivo quando se utiliza suplementação com mistura mineral múltipla, uma vez que ela objetiva corrigir deficiências nutricionais específicas, e as quantidades ingeridas são pequenas.

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Crédito: boiapasto

Período seco

Durante o período seco, a suplementação alimentar objetiva complementar a qualidade e/ou a quantidade da forragem. É importante ressaltar que, se essa estratégia de suplementação estiver sendo utilizada para animais em recria, os benefícios alcançados durante o período seco serão anulados, se alguma estratégia adicional não for adotada nas águas. A combinação dessa alternativa com o manejo correto das pastagens no período subseqüente, das águas, é de fundamental importância, pois possibilita a capitalização efetiva do desempenho alcançado. Para quaisquer dos suplementos citados, o volumoso é a forragem da pastagem (diferida ou áreas novas em forma- ção). Portanto, sua disponibilidade não pode ser limitante. Quando isso acontece, além da utilização de concentrados, é necessário que se faça suplementação com volumosos. Os benefícios da suplementação, durante o período seco, têm sido amplamente entendidos e incorporados aos sistemas produtivos. Como conseqüência, surgem muitas indagações e dúvidas, que geram necessidades de respostas pelo setor de pesquisa. Isso se confirma pelo crescente número de trabalhos publicados, nos últimos cinco anos. Em revisão elaborada por Euclides (2004), foi demonstrado que o resultado da suplementação é conseqüência direta da quantidade e da qualidade de forragem disponível, da quantidade de suplemento fornecido, do potencial genético do animal e do manejo adotado, variando, na ausência de suplementação, em até 900 g/cabeça.dia.

Crédito: portaldoagronegocio
Crédito: portaldoagronegocio

Período das águas

Os baixos níveis de ganho de peso durante as estações chuvosas impossibilitam que os ganhos anuais, em pastagens tropicais, sejam capazes de atender a um mercado moderno, que requer animais jovens, com carcaças pesadas. De modo geral, quando as pastagens são manejadas nas suas capacidades de suporte, as gramíneas tropicais promovem ganhos de peso entre 600 e 800 g/dia. Isso evidencia que, geralmente, sistemas de produção baseados no uso exclusivo de pasto não utilizam todo o potencial genético do animal. Assim, a suplementação alimentar durante o período das águas tem sido usada para aumentar o ganho de peso animal. Nesse contexto, a revisão feita por Euclides (2004), em trabalhos que avaliam diferentes níveis de suplemento durante o período chuvoso, possibilita verificar desde a ausência de efeito da suplementação, até ganhos diários de 250g. Para evitar o efeito de substituição, a suplementação nas águas deve ser usada para corrigir nutrientes que estão deficientes na forrageira.

Crédito: sna.agr
Crédito: sna.agr

Referências:

Valéria Pacheco Batista Euclides, Embrapa Gado de Corte

Canal Rural

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Mirella Cais

Mestre em Gestão Internacional na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Engenheira Agronôma pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP Jaboticabal). Associada à Biomarketing, TCAinternacional e Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM. Produtora/apresentadora do Programa Agrossociedade a Nova Geração.

1 comentário

  1. Eu sempre tive vontade de importar. Mas tenho muito medo que possar a cheira contrabando. Vi vários cursos que falam a respeito desse assunto. Mas sera que vale mesmo a pena esse treinamentos. Falam sobre tudo mesmo, o passo a passo. Ainda mais que aqui no Brasil o imposto sobre importação é um absurdo. Enfim medo de tentar.

     

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