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Carne de segunda Vs. Boi de segunda

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A origem das expressões “carne de primeira” e “carne de segunda” está diretamente relacionada a uma percepção popular de que a de primeira seja de qualidade superior à carne de segunda, principalmente por se acreditar que uma seja mais macia do que a outra. Maciez, como já tratamos em posts anteriores, é considerado um dos principais atributos relacionados à qualidade da carne e, entre os vários fatores  que produzem a maciez está o posicionamento do músculo na carcaça do animal.

Os cortes conhecidos como carne de segunda são os músculos do dianteiro, que possuem uma função importante na locomoção e sustentação, sendo mais exigidos e exercitados pelo animal ao longo da vida, como os cortes das pernas, a cabeça, os órgãos torácicos e abdominais.  Por este motivo, possuem alto conteúdo de tecido conectivo, como o colágeno, que lhes confere resistência, podendo ser, portanto, menos macios.

No entanto, esta divisão fazia sentido para o tempo em que se abatia o boi com quatro, cinco e até oito anos. Dificilmente se abate boi velhos hoje em dia. Muitas boutiques de carne, por exemplo, só comercializam bois que ficam 20 meses no pasto e quatro em confinamento. Pesquisas indicam que dois anos é uma idade ideal para que se possa aproveitar o boi por inteiro e a carne tenha tanto sabor como maciez.

Cortes traseiros grande

Antes, também considerava-se que alguns cortes do traseiro, como a capa do contrafilé e o músculo da perna, bem como os retalhos da desossa do traseiro,  eram “carne de segunda”.

Mas de maneira geral, os cortes que se encontravam na alcatra completa, que consiste em cortes maiores e individualizados, situados nas regiões do dorso, da pelve e da coxa, são utilizados basicamente como suporte. Por serem pouco exercitados, pouco utilizados na locomoção, esta musculatura depende mais das células musculares e possui baixo teor de tecido conectivo, e por isso eram conhecidas como carne de primeira.

Sendo assim, as divisões das meias-carcaças são divididas entre a 5ª e a 6ª costelas, originando o quarto dianteiro, que se subdivide em paleta e acém completo, e o quarto traseiro, que se subdivide em ponta de agulha e traseiro serrote (coxão, alcatra completa e lombo).

Trazendo esse assunto para prática do dia a dia, cabe a ressalva de que independente do corte ser mais macio ou mais duro, ambos precisam ser preparados de maneira correta, e é por isto que dizem que o que vale mesmo é a habilidade culinária. A modernização dos mercados reciclou as expressões carne de primeira e de segunda. Afinal, não há desvalorização dos cortes, mas sim bois “de primeira”, bois “de segunda”, conhecimento do preparo e a valorização do prato.

É possível acelerar ainda mais essa modernização das expressões incentivando inovações na apresentação das carnes e formas de exposição das porções pré-embaladas com denominações de fácil entendimento e praticidade de acordo com a finalidade do preparo. O acém, por exemplo, passou a ser chamado nas boutiques de carne como “short rib”, correspondente ao seu refinado nome em inglês. É importante informar e induzir o consumidor a experimentar outros cortes, desmistificar os “os cortes de segunda”, a partir de uma estratificação por método de cozimento, e divulgar de receitas culinárias.

Para colocar o método em prática, segue abaixo algumas sugestões de cortes e modos de preparo!

Costela

A costela é um dos cortes nobres bovinos mais usados no Brasil, ela possui bastante ossos e gordura, está localizada entre o peito do boi e o contrafilé. Ela pode ser usada para churrascos e também cozida. Confira o post anterior que fizemos sobre a costela.

COSTELA DE BOI

Agulha ou Alcatra

Carne de segunda vira um prato de primeira! E é mais simples e rápido de fazer do que se imagina.
A agulha é o maior e mais macio músculo do dianteiro, é uma carne magra que deve ser cozida por calor úmido. O acém rende ótimos ensopados, picadinhos, assados, cozidos, carne moída, refogado, carne de panela e preparados com molho. Quando bem feita desmancha na boca, e esse molhinho faz o arroz ficar divino.

carne-assada-na-cerveja-preta-creme-cebola

 

Filé Mignon

No mundo todo o filé mignon é conhecido como a carne nobre mais macia do boi. Esse corte tem aproximadamente 2 quilos, e apresenta um sabor delicado, adocicado e menos acentuado que o contra filé.

Se o filé mignon não for cortado com precisão, a maciez pode ser comprometida. Esse corte nobre é usado para vários pratos da alta gastronomia como o chateubriand, por exemplo, que é um bife de alto nível.

filé mignon

Corte de carne Picanha

O corte picanha é um dos cortes de carne nobres mais frequentes e queridos nos churrascos brasileiros, tem no máximo 1,1 Kg de picanha em cada boi. Para ser uma picanha de boa qualidade ela deve ter no máximo 7 cm e ser bem avermelhada.

picanha

Maminha

É uma carne nobre bem macia e de poucas fibras, a maminha tem um gosto sutil e delicado e se encontra no final da peça inteira da alcatra, perto da ponta da agulha no quadril do boi. Ela é muito usada para churrascos, mas também pode-se fazer cozida na panela ou assada no forno.

maminha

T-Bone

O corte T-Bone é retirado de duas partes nobres do animal, o contrafilé e o miolo do filé, ele está na parte central da lombar do animal. O nome é originado devido ao formato de T que o osso da espinha dorsal assume.

Esse tipo de carne é perfeito para você grelhar na churrasqueira, é uma carne macia e com camada de gordura. Dispensa o uso de temperos que podem vir a alterar seu sabor.

blog do churrasco

Prime Rib

A carne nobre Prime Rib é conhecida com uma costela premium, ela é retirada da caixa torácica superior da costela, é uma carne de altíssima qualidade e bem marmorizada. É também indicada para grelhar, e deve ser assada inicialmente pelo lado do osso. Dispensa o uso de temperos que podem vir a alterar seu sabor.

biritemarket

Outras dicas foram sugeridas pelo Gustavo Mesquita em uma reportagem na revista Veja Acesse.

Alguma dúvida? Escreva para nós! E se gostou do artigo, compartilhe com os amigos!

Referências:

Beef Point

Cookbeyond

GOMIDE, L.A.M.; RAMOS, E.M. &  FONTES, P.R. Tecnologia de Abates e tipificação de carcaças. Viçosa. Editora UFV, 2006. 370p.

Revista VEJA

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Mirella Cais

Mestre em Gestão Internacional na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Engenheira Agronôma pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP Jaboticabal). Associada à Biomarketing, TCAinternacional e Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM. Produtora/apresentadora do Programa Agrossociedade a Nova Geração.

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