Principia o mês de maio, os dias já são mais curtos e secos, o frio chega soprado pelo vento sul, pastagens querendo secar e o milho já com as suas duas flores, é o outono nos preparando para o inverno. Assim como na natureza para nós seres humanos e dentro da porteira temos nesse mês um ponto de inflexão, um momento de revisão sobre o primeiro terço do ano e, ao mesmo tempo, a preparação dos rumos da produção adiante.
Na pecuária de corte as fazendas de cria se movimentam com o “toque”; (diagnóstico de gestação) das matrizes que participaram da estação de monta, ao passo que os bezerros são desmamados, tais atividades já começaram em alguns locais e em outros irão se estender até julho, dependendo de cada propriedade ou em qual região do país ela está localizada. Nas fazendas de recria e engorda os invernistas começam a embarcar as últimas boiadas à pasto, já miram a reposição e a comida da entressafra que foi iniciada lá no verão com o plantio do sorgo, milho ou capim que agora se transformam em silagem ou, no caso do capim, em feno.
Para o criador e o invernista o mês de maio desnuda o esboço do resultado produtivo da safra cujo fim se aproxima, haja visto que a safra agropecuária compreende os períodos de 01 de julho a 30 de junho. O mês de maio nos diz o quão fértil foram nossas vacas e o quanto soubemos colher das nossas pastagens no verão quando é o pico da produção forrageira. O quinto mês do ano traz à luz erros e acertos e nos mostra a quantidade de “gordura”; que temos em alimentos para queimar a partir de agora até o final do inverno.
Na agricultura do Brasil central do complexo soja-milho os olhos se voltam agora ao milho safrinha, o qual já mostra o pendão e se aproxima da colheita, momento de atenção à incidência de geadas que pode por tudo a perder. Por outro lado, os armazéns se movimentam com a intensificação da venda da soja colhida no verão, é hora de fechar as contas e se preparar para honrar os compromissos com fornecedores e bancos feitos no início da safra. Essa realidade tem sido cada vez mais comum também nas fazendas de pecuária que tem inserido a agricultura no seu portfólio, seja por produção própria ou com parceria, resultado dos grandes benefícios da ILP, integração lavoura-pecuária, sobre a produtividade e rentabilidade do negócio. Outra conexão agricultura-pecuária é que o volume colhido do milho safrinha e a quantia de soja vendida às indústrias de óleo de soja irão nortear as estratégias de confinamento e suplementação no período de seca, tendo em vista a grande participação do milho grão e do farelo de soja (produto do esmagamento da soja para óleo) nas dietas e suplementos para o inverno.
Em algumas culturas e crenças maio pode significar o mês de Maria mãe de Jesus, o mês da família e o mês das mães. Para nós brasileiros inicia com a comemoração do dia do trabalhador e nos lembra a despedida de um árduo trabalhador, Ayrton Senna. Sem dúvida maio nos brinda com os frutos do trabalho nas estações anteriores, nos prepara com seus ventos para que o ano seja formoso, é tempo de ser sonhador como cantou Almir, pois quem em maio relva, não tem pão nem erva.
José Pádua
Especialista em Produção e Nutrição de Ruminantes pela Esalq-USP, Médico Veterinário pela Unesp-Jaboticabal, Consultor-sócio da Terra Desenvolvimento Agropecuário, Membro da Comissão Jovem da Famasul-MS.
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Boa Zé!! Excelente reflexão!