Certa vez fiz um post de morcela pensando ser chouriço e um de nossos leitores me alertou para a diferença entre morcela e chouriço.
Com não sou muito fã desse tipo de embutido eu fiquei curiosa… Para aqueles que curtem apreciar tal iguaria, ou não curtem, mas querem saber a diferença, segue aqui o post sobre esse tema!
Em Portugal e na Espanha, morcela e chouriço são coisas bem diferentes!
A morcela é feita com sangue e gorduras do porco, bem temperadas e não leva carne. É muito boa cozida com batatas e verduras ou, depois de escaldada, para a ‘massa’ aquecer, deixar fritar numa panela grossa, com azeite.
O chouriço, é feito com pedaços de carne e gordura de porco, bem temperadas com uma vinha d’alhos e curado no fumeiro. Come-se simples (cru), cozido ou assado em álcool ou aguardente.
Morcela
Origem tipicamente espanhola, mas há quem diga que sua origem remonta à Grécia antiga, segundo Platão a morcilha foi inventada pelo grego Aftónitas em 428 a.C. e descarregada no Brasil pelas naus dos primeiros colonizadores portugueses e espanhóis.
Consiste numa espécie de lingüiça feita com tripas de porco ou carneiro, recheada de sangue coagulado e outras especiarias.
A morcela pode ter muitos nomes – morcilla (em espahol); morcela (em português); chouriço de sangue, black pudding, blood pudding, entre outros – mas o que não possui variação é o modo de preparo e a base dos ingredientes que somados dão forma a esta iguaria.
Na Argentina e no Uruguai, é corriqueiro usar-se de ingredientes doces e acomodar a morcilha junto aos assados na parrilla, e então, esta aparente rusticidade medieval se perde quando ao preparo soma-se passas, frutas cristalizadas, nozes e até chocolate, tendo o cuidado de não deixar muito próximo da brasa, pois ela deve apenas aquecer – a morcilha já é pré-cozida – e ficar com a pele crocante podendo ser encontrada na versão comum – gomo de cerca de 10 a 15 cm e menor, tipo “bombom”, esta é servida como aperitivo antes do churrasco.
Páprica, pimentão doce, anis, erva-doce, gengibre, pinhão, amendoim e outros ingredientes e especiarias podem ser usados na elaboração desta variação doce. Quando levados à brasa transforma a iguaria num manancial de aromas e sabores.
A morcela possui um elevado valor calórico e sua origem pobre avaliza o seu potencial energético de alto teor proteico e gordura. A junção de matérias-primas de origem animal e vegetal, mais o açúcar dos ingredientes doces e o ferro do sangue resulta em um produto de alta qualidade, com proteína formada por aminoácidos essenciais para o corpo humano.
Como fazer morcela:
- Na frigideira: cortar os gomos em fatias de cerca de 3 cm. Passar farinha e fritar em pequenas quantidades em óleo bem quente.
- No forno de micro-ondas: dispor as fatias em um prato com papel toalha embaixo e em cima e deixar por três minutos, a maior parte da gordura é absorvida pelo papel.
- No forno convencional: enrolar os gomos em papel alumínio e levar ao forno pré-aquecido a 180oC por cerca de 15 minutos.
- Na churrasqueira: acomodar em uma grelha e deixar a média altura, não diretamente sobre o fogo, por cerca de 30 minutos.
A morcilla negra asturiana é seca e enrugada, graças ao processo de defumação a lenha.
Chouriço
O chouriço é um produto famoso de charcutaria, feito de carne, sangue e miúdos de porco.
Especialistas apostam na iguaria feita à base de sangue, rica em nutrientes e minerais, como a comida ‘superstar’ do ano de 2016. “Ricos em potássio, proteína, cálcio e magnésio, além de praticamente não conter carboidratos, o chouriço deve sumir das prateleiras”, escreve a jornalista Anucyia Victor a respeito da qualidade do embutido.
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Fontes:
Eu-Gourmet.com
Revista GQ
Mirella Cais
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Mirella, se você gosta esses comidas, e quer conhecer morcelas comestíveis, manda para mim o seu Whats, ou e-mail e vou passar os imagens do meu produto!
Feito conforme as tradições húngaras!
Ali tens uns 30-40 variedades “originais”, toda região tem a própria receita.
Eu estou reproduzindo uma variedade da região de Transilvânia, porém há dali a minha origem.
Obrigado, Gabriel Karikas
Oi Gabriel!
Obrigada pelo contato: escreva para nós para o [email protected]
Poderiam encaminhar nos alguma receita sou curioso nestes assuntos de produtos mais difíceis de achar produção, principalmente aqui no Ceará.
Agradeço pela atenção.
Ola, bom dia! tudo bem?
Eu gostaria também de conhecer melhor. Gosto muito deste tipo de comida, morcelas, linguiças, chouriços. Espero poder conhecer melhor.
Meu contato: [email protected] whatsapp: 32991650119
Uma pequena referência do texto fala em origem “pobre”. É a eterna mania dos brasileiros em querer categorizar as carnes como ‘nobres’ e ‘pobres’. Na Europa, aproveitando o dito já existente, a regra é utilizar até o berro dos animais, NADA é desperdiçado.
Outra questão é que a utilização das carnes remonta a milênios, um tempo sem geladeiras, caminhões frigoríficos etc. Hoje a indústria de carnes possui opções de corte, preparo etc. de produtos frescos que ninguém podia prever há 150 anos.
Algumas raças de porcos europeus são enormes, produzindo centenas de quilos de carne, vísceras e sangue. Ao se matar um animal desses até meados do século XX, era necessário processar tudo rapidamente com métodos de conservação eficientes.
No caso de Portugal, funcionava assim: cada camponês escolhia um dia, no inverno, para matar seu (imenso) porco e avisava seus vizinhos, parentes e amigos. Todos deviam comparecer, ajudar e… comer!
A reunião das pessoas para processar a carne do porco era chamada de ‘matança’.
Como os camponeses costumavam fazer, misturavam trabalho com festa. A reunião dos amigos e parentes era barulhenta, cheia de música e atividade.
Os homens mais fortes seguravam o porco enorme enquanto um deles furava uma artéria do bicho, ao mesmo tempo em que se colocava um alguidar com ervas e vinagre sob o furo para recolher o sangue que jorrava. Só assim o sangue não coagularia no interior do porco.
Morto o porco por hemorragia, era a hora de retalhá-lo e desossá-lo. Algumas carnes, aquelas que se comiam frescas, eram preparadas ali mesmo e distribuídas entre os presentes. Um banquete. Uma festa!
Mas as outras partes eram picadas, temperadas, postas em tripas (algumas), salgadas, colocadas no fumeiro etc. Uma verdadeira linha de montagem de produtos suínos. Do presunto (cru) ao toucinho.
E, claro, o sangue recolhido era cozido com farinha e especiarias, para fazer a morcela.
Havia vários tipos de enchidos (no Brasil, embutidos), dependendo dos ingredientes usados. Sangue ou carne, mais ou menos (ou nenhuma) farinha, esta ou aquela especiaria. Apenas seca ou defumada.
Ao fim da matança, a família do camponês dona do porco possuía um grande estoque de carnes processadas para comerem por muitos meses. Quando chegasse o verão, tudo já estaria bem curado, pronto para resistir ao calor.
E uma mão lavava a outra, claro. Os convidados de uma matança eram os anfitriões da próxima, poucos dias depois. Um verdadeiro mutirão comunitário que durava quase todo o inverno.
Nada de “produto de rico e de pobre”. Apenas o aproveitamento integral de tudo no porco. Até do oinc.
ps.: o mesmo vale para os pertences salgados da feijoada. Nunca foi comida de escravos, de pobre etc. Lenda infeliz repetida à exaustão, infelizmente…
Mirela, aqui, no Brasil, chouriço é linguiça de sangue coagulado apenas e PONTO. Às vezes nem é embutido, ou seja, nem é linguiça. Come-se chouriço doce em algumas partes do nordeste: sangue do porco coagulado e adoçado com rapadura, servido às colheiradas, sem embutir nas tripas como linguiça. É INCORRETÍSSIMO impor estrangeirismos ao povo que sempre chamou esta linguiça de sangue de chouriço em TODO o interiorzão do país como se fosse errado porque está na moda chamá-la de morcella.
bom dia, eu sou o markinhos, por acaso estava navegando e mim deparei com essas delicias de embutidos, mais meu principal objetivo é falar de chouriço e morcela; pois ganho a vida fabricando e vendendo esses dois produtos, então resolve mandar aqui a identidade de um para o outro, isso quer dizer para nos aqui em minas gerais (brasil ); chouriço; feito de sangue suíno temperado com alho, sal, pimenta e bastante cheiro verde e a morcela é quase a mesma coisa, porém no lugar do sangue, da lugar aos miúdos suíno, ou seja figo, coração, língua e recortes da mesma especie, são todos dois embutidos em tripas naturais e pré cozidos em banho maria.
Sou brasileiro filho de alemão, e meu pai era criador de porcos e também abatia alguns deles para nosso consumo, na hora do abate colhia o sangue para fazer o chouriço não sei se está certo mas era assim que ele chamava sangue de porco cozido dentro da própria tripa do porco, havia também um outro embutido feito de toucinho com pele e tudo chamado de cudiguim eu não gostava de nenhum deles ja a famosa linguiça caseira que era curada no sol essa sim ficava muito gostosa e parecia salame.
Em Portugal a “morcela” também pode ser de carne , embora também leve sangue , gordura e cominhos (era aromática) . O “chouriço”, em algumas regiões de Portugal também pode ser chamado de linguiça é feito de carne, gordura ervas aromáticas e com pimentão doce em pó (que no Brasil chamam de pimenta). A “farinheira” é feito de gordura e farinha, que na sua foto é o que está no meio de cor amarela. Todos são fumados ou secos em fumeiro.