O preço da carne está cada vez mais alto e pegou os brasileiros de surpresa nesse final de ano de 2019. Vamos começar do zero para entender o porquê desse aumento, e quais a previsões futuras.
Meados de setembro de 2018, a China anunciou o vírus da peste suína africana. O alerta era grave: doença hemorrágica altamente contagiosa provocada por um vírus que atinge somente porcos, havia sido detectada em sua produção monumental de suínos. Em abril deste ano, veio à tona a dimensão do problema por meio da confirmação de que até 200 milhões de porcos poderiam ser abatidos ou mortos por infecção. Ainda que a carne suína seja a proteína mais consumida na China, ainda não existe no mundo país produtor com capacidade para alimentar os mais de 1 bilhão de chineses. Qual a saída? Migrar o consumo para carne de boi. No mundo os maiores produtores de carne bovina são Estados Unidos, Brasil e Austrália.
Segundo estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat), este ano, o Brasil já exportou para a China 318.918 toneladas de carne bovina para a China, 184.393 toneladas de carne suína, 448.833 toneladas de carne de frango, em transações que totalizaram mais de U$ 3 bilhões. Atualmente, há 100 estabelecimentos processadores de proteína animal no Brasil autorizados a exportar para a China. Entre 2018 e 2019, de acordo com o professor de Economia Internacional do Ibmec SP, Roberto Dumas, o país asiático aumentou em 54% a importação de carne bovina; em 40%, de suína; e em 48%, de frango. Em contrapartida, houve redução de 16% na exportação de farelo de soja, usado para alimentar porcos.
A razão para o aumento da carne envolve então, além do fator China, um momento de oferta restrita de bois no Brasil, um tradicional aumento da procura doméstica por carnes no fim do ano e o dólar cotado acima dos R$ 4 (o produtor tem preferido exportar porque os chineses estão pagando mais caro o preço da carne bovina). A oferta de carne no mercado brasileiro está muito baixa para os supermercadistas, por isso, o aumento foi repassado aos consumidores. No atacado, por exemplo, teve incremento de 40% nos meses outubro e novembro. O quilo de alcatra e do contra-filé, que eram vendidos a R$ 16, subiram para R$ 27. E de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em menos de três meses o custo do contrafilé subiu 50% para os supermercados; o do coxão mole, 46%. A tendência é que entre 2019 e 2020, o preço permaneça de 30 a 40% mais caro.
A boa notícia para os consumidores é que a peste suína é passageira e dentro de dois anos, a China pode demandar menos carne do Brasil. Enquanto os preços da carne não diminui, a sugestão é que o consumidor consuma menos, porém na hora de consumir faça uma escolha consciente, com melhor qualidade. Não devemos comprar por comprar. É muito importante se informar como toda produção é realmente feita. Isto não significa que o preço para irá voltar ao que era antes, mas o menor consumo evita novos aumentos desnecessários. É a lei da oferta e da procura.
Melina Cais
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