sustentabilidade na pecuária

Tripé: a dimensão da sustentabilidade social na pecuária

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Como apresentamos no último artigo “O que é sustentabilidade na pecuária: conheça as 3 dimensões”, o desenvolvimento sustentável é tema de relevância no universo, social, econômico, ambiental, acadêmico, político e midiático. Nós apresentamos o conceito do tripé da sustentabilidade e agora aprofundaremos a sustentabilidade social na pecuária.

Por que este tema está tão em alta? Essa pergunta é ainda questionada por muitos, no entanto, a sustentabilidade tem provado, há algumas décadas, sua relevância e permanência.

A atmosfera sustentável faz com que inúmeras empresas e organizações sintam o aumento da necessidade de incorporar os princípios.

A dimensão de sustentabilidade social, por exemplo, é um dos tópicos da sustentabilidade que vem ganhando força e tem sido muito discutido atualmente. No ramo agropecuário, o mercado aponta grande exigência na adequação das empresas e, por isso, reitera-se a necessidade de adoção de um plano de responsabilidade social para garantir, principalmente, a segurança do trabalhador, que é parte fundamental na cadeia produtiva.

Aquele velho modelo de negócios em que o lucro está acima de tudo e de todos já caiu por terra. Hoje, as empresas possuem também a preocupação ferrenha com o propósito e o impacto que causam na sociedade em que estão inseridas, ou seja, buscam reduzir as diferenças sociais com o intuito de melhorar a qualidade de vida da sociedade, sem deixar de lado a capacidade de gerar renda.

O conceito de sustentabilidade social

Até a década de 1990 o conceito de sustentabilidade social não era utilizado com legitimidade; pelo contrário, possuía apenas a finalidade de abafar o interesse pela sustentabilidade ecológica. Ele não deixa de estar intimamente relacionada à preservação ambiental, o que é comprovado por um levantamento do Sistema Fiep que mostra que 87% dos consumidores brasileiros preferem comprar de empresas sustentáveis. Consumidores estão dispostos a mudar alguns hábitos de consumo e a pagar um pouco mais, se for necessário, e assim, levar para casa produtos mais sustentáveis, o que por consequência reflete na escolha das marcas.

A abordagem da sustentabilidade social considera aspectos internos e externos das organizações. Em relação aos primeiros, o foco está na responsabilidade e boas condições de trabalho dos colaboradores, considerando modelo de contratação, remuneração e benefícios justos, flexibilidade, suporte, inclusão, diversidade, além de programas de educação e desenvolvimento. Os aspectos externos são referentes às ações com a comunidade que a empresa está inserida, com projetos sociais e contratação de fornecedores locais.

Sustentabilidade social na pecuária e na cadeia produtiva

Em todos os elos da cadeia, da fazenda ao açougue, o trabalho das lideranças é fundamental na gestão da sustentabilidade social do negócio. Não basta contratar bons colaboradores e prover boas condições de trabalho, é preciso ter metas e indicadores claros de acompanhamento, além de envolvê-los na missão, visão e valores da empresa.

Uma fazenda pode ter a missão de produzir uma carne de alta qualidade, respeitando os colaboradores, o meio ambiente e os animais, com ética, disciplina e compromisso com resultados. Neste sentido, é preciso primeiro que a liderança (pecuarista, diretor de operações, CEO, dono do açougue etc) seja na prática o exemplo e inspiração da missão. E, em segundo lugar, que envolva todos os colaboradores neste sentido, criando indicadores e acompanhando constantemente o desempenho e a satisfação de cada um.

Como avaliar a sustentabilidade social

Há algumas formas de avaliar a sustentabilidade social, como por exemplo:

  • Salários e benefícios: avalie o valor que outras empresas do mesmo segmento estão oferecendo e confira o piso, teto e média salarial por profissões e cargos;
  • Segurança do ambiente: acompanhe constantemente o número de acidentes em um período de tempo;
  • Clima e ambiente: faça uma pesquisa anônima com os colaboradores, além de dar e receber feedbacks constantes;

No que tange os aspectos sociais extrínsecos à organização, pense primeiro em qual o impacto o seu negócio traz para a comunidade em que está inserida. Em seguida, pense em quais projetos na região poderia apoiar, ou até mesmo ações pontuais como realizar uma campanha do agasalho, por exemplo.

Responsabilidade social

A pecuária de corte representa uma das principais atividades geradoras de renda e empregos no Brasil. Dessa forma, por meio das boas práticas inseridas na responsabilidade social,  é possível assegurar um ambiente de trabalho seguro e saudável, tendo em vista assumir medidas que assegurem qualidade e segurança alimentar.  O intuito é de atender as demandas do mercado e atingir um sistema produtivo ecologicamente viável, o que pode resultar em uma futura certificação por órgãos internacionais.

Para atingir tal objetivo é imprescindível equilibrar a exploração dos recursos, o desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais focadas sempre no bem-estar social. Tanto os funcionários quanto os consumidores já não querem mais ter a impressão de que as empresas pensem apenas em seu próprio crescimento. Pelo contrário, desejam que elas também pensem na qualidade de vida dos trabalhadores, públicos-alvo e de todas as pessoas envolvidas na produção e desenvolvimento de seus produtos e serviços.

As empresas agropecuárias engajadas neste escopo são reconhecidas pelos trabalhos comprometidos com a sustentabilidade social ao seu redor. Elas têm a premissa de empresa saudável, administrando os negócios de maneira sustentável e seguem elevados padrões éticos, em um ambiente onde os colaboradores se sintam seguros, respeitados, capacitados e comprometidos a fazer a diferença para a sociedade. Assim,  contribuem para o sucesso e a sustentabilidade do ecossistema compartilhado com as futuras gerações.

Dessa maneira, é imprescindível que organizações agropecuárias se preocupem com qualidade e segurança de alimentos, de modo que o processo, que vai desde a produção até a comercialização do produto, seja o mais correto e sustentável possível, embasado também na sustentabilidade social e econômica. A reputação da empresa que proporciona condições dignas de trabalho a seus funcionários, com saúde e segurança, melhorando a produção e o serviço em si, se torna sempre um diferencial que vai gerar confiança, ampliar visibilidade, aumentar lucros e atrair investidores.

Quer saber mais sobre a sustentabilidade econômica? Esse será o tema do próximo artigo.

Uma parceria de propósitos

Este artigo é uma parceria do Blog da Carne com a Elanco Saúde Animal e parte de uma série de conteúdos sobre boas práticas e sustentabilidade na pecuária.

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Melina Cais

Melina Cais - Co-Fundadora do Blog da Carne. Engenheira Agrônoma Doutora pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Professora universitária na área de Bioenergia, Biocombustíveis e Mecanização Agrícola e Associada do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM.

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