No dia 15 de março é comemorado o Dia Mundial do Consumidor. A celebração da data teve início em 1962 com uma homenagem ao então Presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, que enviou uma mensagem ao Congresso defendendo os direitos dos consumidores, sendo quatro fundamentais:
- Direito à Segurança;
- Direito à Informação;
- Direito à Escolha;
- Direito à Ser Ouvido;
Em 1985, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) legitimou internacionalmente a data, adotando o dia 15 de março como o Dia Mundial do Consumidor.
No Brasil, os direitos dos consumidores foram assegurados através da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que entrou em vigor em 11 de março do 1991. Com a criação do Código de Defesa do Consumidor, nasceu também o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON), que media conflitos entre empresas e consumidores em todos os municípios e estados brasileiros. No Portal do Consumidor do Governo Federal é possível consultar o telefone e o PROCON mais próximo.
Quando o assunto é carne, um dos principais direitos, ao meu ver, é o Direito à Degurança. Depois de polêmicas envolvendo grandes marcas, como aconteceu na Operação Carne Fraca, tivemos uma abalo na confiança dos consumidores que não deve ser subestimado. Embora tenha havido exageros por parte da mídia, é inconcebível que haja crimes que envolvam a segurança dos alimentos e a saúde pública.
Mas, se a carne não combina com política, combina muito bem com tecnologia. Inovações como o blockchain prometem melhorar a rastreabilidade e controle da qualidade em todos os processos da cadeia produtiva. E a ciência aliada ao empreendedorismo tem trazido exemplos que facilitam a identificação da qualidade no processo de compra.
O Direito à Informação também é de grande relevância e a bandeira que defendemos no Blog da Carne. Se a economia considera a assimetria de informação¹ como uma falha de mercado, o que rendeu até um Prêmio Nobel a renomados economistas, o marketing muitas vezes utiliza esta assimetria para fins lucrativos. Por exemplo, tenho visto carne no varejo sendo vendida como Angus, sem o selo e a respectiva autorização do uso da marca. Que as empresas, de forma geral, utilizem o melhor o que o marketing pode nos oferecer em termos estratégicos, mas que seja uma comunicação transparente e honesta.
Para os profissionais do setor, é importante lembrar: a venda não é um fim, mas um meio de fidelizar o cliente. E hoje, com as redes sociais, o marketing C2C, ou seja, Consumidor para Consumidor, ou H2H, Humano para Humano, impacta mais que muito investimento em Google Adwords ou Facebook Ads. Pesquisas² nesse sentido apontam que 75% das pessoas não acreditam em anúncios.
Neste contexto, as empresas tem investido em blogs e influenciadores digitais. Só nos Estados Unidos, o investimento previsto em marketing digital nos próximos 5 anos é de U$120 billhões³. E no relatório The State of Influencer Marketing 86% dos profissionais de marketing respondentes alegaram utilizar marketing de influência, avaliado entre 3,2 – 6,3 bilhões de dólares, com chances de chegar a 5 -10 bilhões nos próximos 5 anos, segundo o MediaKix.
Em relação a esse mercado, no Brasil, há uma preocupação diretamente ligada ao Direito do Consumidor. A publicidade tem sido utilizada de forma equivocada. Muitas vezes é fruto do desconhecimento dos influencers, mas há marcas que simplesmente ignoram um dos nossos direitos:
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
Ou seja, toda divulgação que foi paga deve ser informada que trata-se de um informativo publicitário, também conhecido como publieditorial. Para ir de encontro com as leis dos consumidores internacionalmente, as redes sociais estão disponibilizando ferramentas que evidenciem a “parceria paga”, como acontece no Instagram. “Ah, mas eu devo colocar em todo post, todo storie?”. Em todo post sim. Em todo storie, seria o ideal, mas sabemos que muitas vezes eles devem ser gravados numa velocidade que não possibilita marcar em todos. Então, marque pelo menos no primeiro. O Facebook também já está fazendo testes e deve anunciar sua nova ferramenta em breve. Enquanto isso, coloque a #publieditorial ou “Conteúdo Publieditorial”.
“Ah, mas a marca me patrocina, devo colocar mesmo assim?”. A resposta é: sim. Muitos influenciadores e marcas já receberam advertências públicas do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR). Até mesmo a Bruna Marquezine, Gabriela Pugliesi e marcas como a Fiat e Sephora já foram notificadas.
O Blog da Carne está sempre se atualizando e participando de discussões para compreender melhor a regulamentação e sermos cada vez mais transparentes com nossos leitores e seguidores. Também estamos abertas à sugestões por email. Nossos posts de clientes são sempre sinalizados:
E em nossa página inicial é possível identificar os clientes que endossamos:
Pois bem, em nome dos direitos do consumidor, vamos influenciar outros influenciadores a serem mais transparentes e informarem quando estão sendo pagos para divulgar marcas?
Para finalizar, ao consumidor não cabe somente direitos, mas também deveres. Mesmo que não obrigatório, cabe ao consumidor buscar sempre as informações, de forma a saber o que está comprando, principalmente em relação à carne, um alimento que exige níveis altos de cuidados para sua segurança, desde a fazenda (profilaxia de doenças), no frigorífico, no decorrer de todos os trajetos logísticos, na armazenagem e no ponto de venda. Não compre em locais que não confie e não consiga obter informações sobre a procedência. Identifique os atributos de qualidade e exija o Selo de Inspeção. Utilize o seu Direito de Escolha e escolha bem!
¹Fenômeno que ocorre quando dois agentes realizam uma transação sendo que um possui mais informação que o outro.
²Revolução das Mídias Sociais
³CMO
Juh Chini
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Realmente nos dias atuais nos perdemos no meio de tantas opções nas mais diversas áreas, incluindo na gastronomia. O empreendedor precisa estabelecer no seu portfolio diferenciais e um variado cardápio ou escolhas para atender aqueles que entendem como prioridade o que para o outro poderia ser um superfluo ou algo não importante. Logo, é importante conhecer os mais diversos perfis e atendê-los dentro de padrões básicos aceitáveis indo até as mais variadas exigências … Um abraço e parabéns à equipe do Blog da Carne …