Desafios da ovinocultura no Brasil

Os desafios da Ovinocultura no Brasil

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Conheça os principais desafios da ovinocultura brasileira

Atualmente no Brasil, o rebanho nacional de ovinos está em cerca de 19,7 milhões de cabeças, segundo o IBGE (2019). Comparando com os últimos 5 anos (tabela 1), o número de cabeças de ovinos no Brasil vem aumentando, o que significa que a nossa produção interna está crescendo cada vez mais, diminuindo a necessidade de importação.

ovinocultura rebanho

Mesmo com o aumento significativo do rebanho, o Brasil ainda enfrenta algumas dificuldades quando se trata da produção e comercialização da carne ovina.      

Primeiramente, é importante que o custo do produto final seja acessível para todos, e para que isso aconteça, a cadeia produtiva precisa de uma certa organização, reduzindo custos de produção e aumentando a qualidade do produto. Contudo, sabemos que isso se torna muito difícil devido ao alto custo de insumos no Brasil.

Outro empecilho está na relação entre oferta e demanda. A carne ovina não está disponível o tempo todo no mercado, dando a sensação de que o produto é sazonal e sem qualidade, quando na verdade o que acontece é uma falta de organização do produtor. É preciso que tenha produção com foco na entressafra (entre os meses de abril e outubro). Isso gera uma alta variação de preço, prejudicando a cadeia, pois o frigorífico não consegue absorver a oferta na safra e o distribuidor não consegue repassar o valor, gerando uma ruptura para o cliente final. 

O produtor precisa investir nesses pontos e reavaliar a sua relação com os importados. Parte dessa carne é de animais velhos, com coloração escura e sabor mais intenso e amargo. Isso leva ao estigma de que a carne de cordeiro é forte e dura. Tudo isso, leva o consumidor final a deixar de consumir a carne ovina.

Culturalmente, o brasileiro está mais acostumado a consumir carne bovina, suína ou de frango, pois faz parte do nosso dia a dia e do nosso costume. E os mitos sobre a carne ovina agravam mais ainda esse cenário, pois levam o consumidor a acreditar que não é uma carne boa ou barata para se comprar e consumir no cardápio da semana.

Os consumidores eventuais de cordeiros conhecem alguns cortes e os apreciam com mais frequência, mas a grande maioria das pessoas sequer sabem que existem outras peças além de pernil e carré, e desconhecem que com o crescimento da carne premium, existem cortes de cordeiros mais baratos do que cortes bovinos no mercado atualmente.

Outra dificuldade muito frequente no país é justamente o frigorífico. A ausência de instalações especializadas em abates de ovinos é um grande problema para a produção. Um frigorífico de cordeiro precisaria abater uma grande quantidade de animais por dia para arcar com os custos fixos, pois o rendimento líquido do animal é mais baixo, se comparado com bovinos e suínos.

Com isso, aparecem os frigoríficos clandestinos devido à falta de fiscalização, à cultura de abate na propriedade e ao alto custo de frigoríficos certificados. Desta forma, o custo do produto será muito menor no clandestino e fica difícil competir com a produção legal, que é muito mais cara.

A última grande dificuldade que vamos citar aqui está nas políticas públicas, que ainda são muito tímidas para a ovinocultura. Embora existam apoios, eles ainda não são suficientes para dar amplitude nacional à causa. Ficam nas discussões rasas a necessidade de assistência técnica, de crédito para financiamento e incentivo à atividade. A ovinocultura pode gerar emprego e renda aos pequenos produtores, frigoríficos, distribuidores e comerciantes, porém é preciso mudar o discurso.

A ovinocultura tem muito potencial e pode ser muito lucrativa, mas é preciso que haja a união de todas as etapas da cadeia para ter mais interesse por parte dos produtores e assim fortificar a produção e levar a carne à mesa de todos os brasileiros.

Veja também: receita de pernil de cordeiro assado com batatas

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Laryssa Stephanie

Mestre em Ciência Animal, com foco em produção, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Zootecnista formada pela mesma instituição. Durante toda a graduação e mestrado trabalhou com Ovinocultura, participando de grupos de estudos e pesquisas nas áreas de produção, bem estar, reprodução, melhoramento genético e qualidade da carne. Além de amar os animais, é apaixonada por música, estuda piano e toca um pouco de violão nas horas vagas. Adora um bom churrasco, com uma boa música, família e uma coquinha gelada.

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