Carne ovina: por que consumimos tão pouco?

Não é novidade nenhuma dizer que no Brasil as carnes mais consumidas são as de frango, a bovina e a suína. A carne ovina raramente aparece na mesa do brasileiro. Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), o consumo interno da carne ovina é de apenas 400 gramas por habitante ao ano, sendo que o maior consumo se concentra na região sul e sudeste do país. Este valor não chega nem perto dos 44 kg de carne de frango, 35 kg de carne bovina e 15 kg de carne suína consumidas por uma pessoa ao longo de 12 meses. 

De acordo com uma pesquisa realizada pela Embrapa, estima-se que 12% dos brasileiros (cerca de 25 milhões de habitantes) nunca comeram carne ovina. Mas por que será que essa carne tão saborosa é tão pouco consumida?

Os motivos são diversos, porém podemos citar alguns que mais pesam na hora de escolher qual carne consumir. Podemos dizer que o primeiro deles é a questão cultural. São poucas as pessoas que experimentaram a carne ovina pela primeira vez ainda na infância, ou que estão acostumados a consumirem essa carne no dia a dia. Normalmente isso ocorre mais nas regiões em que há maior número de produtores, pois a carne acaba tendo maior facilidade de acesso, sem precisar de uma logística complexa para poder encontrar diferentes cortes. O que já nos leva para outro fator: a disponibilidade dessa carne no mercado. 

Embora a criação de ovinos venha crescendo nos últimos anos, com um grande potencial, ainda é bem difícil encontrar uma carne de boa qualidade e procedência e também variedades de cortes no mercado popular. Normalmente, quem procura a carne ovina, tem o intuito de prepará-la para um evento especial, e não porque faz parte do cardápio da semana. Além disso, não podemos negar que a carne de cordeiro tem um custo mais elevado se comparado com carne de frango, suína e bovina.

Um outro grande motivo que não pode faltar é a primeira experiência negativa. É muito comum as pessoas que vão experimentar a carne ovina pela primeira vez colocarem suas expectativas num nível bem alto, porém quando chega a hora a pessoa tem o azar de ter ingerido uma carne de má qualidade, dura, sem sabor e muitas vezes com um odor forte, então a vontade de comer essa carne novamente deixa de existir. “Mas o que aconteceu? Sempre disseram que carne de ‘carneiro’ era uma delícia!” O problema está justamente aí. A carne de “carneiro” ou “ovelha”. Muito provavelmente essa carne era proveniente de um animal mais velho, maduro (carneiro ou ovelha), ou então de um animal que não teve uma nutrição adequada, ou pode ser que não seja um animal de uma raça propícia para corte, por isso não possui a maciez e suculência desejáveis e não pode ser considerada uma carne de alta qualidade. A carne de um animal mais jovem (cordeiro), que foi nutrido adequadamente e que seja, preferencialmente, de uma raça para corte tem muito mais sabor, maciez, marmoreio e suculência. E quando bem preparada é realmente uma maravilha! 

Em todo caso, o mercado de produtos oriundos da ovinocultura, seja carne, leite, derivados ou afins, ainda está em expansão e vem conquistando espaço no prato do brasileiro aos poucos. Ainda tem muita coisa por vir!

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Laryssa Stephanie

Mestre em Ciência Animal, com foco em produção, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Zootecnista formada pela mesma instituição. Durante toda a graduação e mestrado trabalhou com Ovinocultura, participando de grupos de estudos e pesquisas nas áreas de produção, bem estar, reprodução, melhoramento genético e qualidade da carne. Além de amar os animais, é apaixonada por música, estuda piano e toca um pouco de violão nas horas vagas. Adora um bom churrasco, com uma boa música, família e uma coquinha gelada.

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