Sustentabilidade econômica na pecuária: gestão para garantir lucratividade

Sustentabilidade econômica na pecuária: gestão para garantir lucratividade

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O tripé da sustentabilidade é formado pelas dimensões: social, econômica e ambiental.

Conceito de sustentabilidade econômica

A sustentabilidade econômica corresponde à capacidade das empresas em crescer de forma sustentável financeiramente, o que significa prezar pelo patrimônio, estar em dia com os pagamentos aos funcionários, fornecedores e impostos, além de planejar os próximos passos com previsões realistas e com reserva de caixa.

Esta dimensão deve ser alcançada sem causar desequilíbrio nas demais. Neste sentido, o crescimento econômico das empresas deve respeitar a governança, gestão de pessoas e meio-ambiente.

A sustentabilidade econômica na pecuária

Na pecuária a sustentabilidade econômica está diretamente ligada à gestão financeira das fazendas e da operação como um todo. Sabemos que alcançar maiores margens de lucro tem sido um desafio cada vez maior, o que exige um bom planejamento e gestão.

 Segundo Daniel Pagotto, Engenheiro Agrônomo pós-graduado em produção animal, pastagem e gestão de empresas, mais de 80% das fazendas de pecuária no Brasil não apuram o resultado. Ou seja, não sabem se estão tendo lucro ou prejuízo.

Já diz a famosa frase de William Edwards Deming que “o que não é medido, não é gerenciado”. Esqueça a caderneta, hoje há diversos softwares para a gestão financeira de fazendas, incluindo especificidades em cada fase de produção (cria, recria e engorda). Algumas startups (empresas de tecnologia em escala) já conseguem mensurar o desempenho econômico dos animais individualmente e integram com as plataformas de gerenciamento como um todo.

Existem casos de sucesso que comprovam a possibilidade de produzir com pouco impacto sobre o meio ambiente, e ainda manter a rentabilidade para o pecuarista. Entende-se por produção limpa a “aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia através da não-geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo”.

De acordo com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas SENAI – é necessário entender o sistema de produção e a gestão do negócio, e fundamental fazer a alocação dos recursos produtivos de maneira racional. Só assim acontecerá a eficiência técnica e econômica do processo produtivo, possibilitando que a pecuária seja sustentável e rentável.

A produtividade, o controle dos custos e a eficiência financeira de produção são regras básicas para qualquer tipo de atividade e/ou sistema de produção adotado em prol da sustentabilidade econômica.

Porém, o que se sabe é que não é fácil ter uma gestão eficiente a ponto dos pecuaristas se manterem competitivos, e mais ainda, investir em sistemas limpos de produção requer, na grande maioria dos casos, investimentos iniciais consideráveis.

O que os números mostram

O fato é que que o uso de tecnologias atrelado à boa gestão permite aumentar a produtividade e, consequentemente, reduzir o custo médio unitário de produção.

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Sensoriamento Remoto e pela Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais apresenta os resultados financeiros da introdução de tecnologias de manejo de pastagens (reforma e adubação) e suplementação alimentar, entre outras, em fazendas no bioma amazônico do Projeto Pecuária Integrada de Baixo Carbono (Instituto Centro de Vida). O estudo demonstrou que a maior produção de arrobas leva ao menor custo unitário por arroba produzida, apesar de maior necessidade de investimento e custeio por animal.

Os resultados apresentados por essa pesquisa são muito interessantes e, apesar de ser um caso particular, vale ressaltar que:

– Maior margem de lucro (por hectare), variando de R$/ha/ano 835 a 1.326, com uma média de R$ 1.074 na URT (Unidade de Referência Tecnológica), em comparação à média da fazenda de R$ 602/ha/ano.

– Ao comparar a média da Fazenda de baixa tecnologia que não adotou as boas práticas pecuárias (BPA), o resultado financeiro também é evidente, pois essa propriedade obteve prejuízo de R$ -147/ha/ano, demonstrando que investir pouco e ter baixo custeio (R$/bovino/ano) implicam até prejuízo.

– Os resultados de fluxo de caixa das URT, em média, foram positivos, o que significa que após 18 meses de implantação da pastagem (prazo máximo), foi obtido o retorno, isto é, pagou-se todo o investimento e custeio da atividade com um resultado de R$ 24.686.

– A URT que obteve R$ -19.074 de resultado de caixa foi a propriedade que fez investimentos mais elevados em benfeitorias (cochos, área de lazer e caixa d´água), cujos investimentos deverão retornar após dois anos de sua implantação.

– As médias de margem bruta (R$/hectare/ano) URT e de fazendas, R$ 1.074 e 602 por ano, são superiores aos dados encontrados nos sistemas de produção da pecuária brasileira que, normalmente, não passam de R$ 200/ hectare/ano em sistemas mais extensivos. Esses resultados decorrem de maior taxa de lotação, ganho médio diário e peso de carcaça, frutos do processo de intensificação, gestão administrativa, treinamento de recursos humanos e adoção de BPA, como também das boas condições climáticas do norte do Mato Grosso.

No que diz respeito aos benefícios econômicos, dependendo do momento atual da propriedade, a adoção de boas práticas de manejo da pecuária pode potencializar a produtividade da atividade em pouco tempo, e isso possibilita a lucratividade do pecuarista.

Por uma pecuária lucrativa e sustentável

A pecuária brasileira é uma das maiores do mundo, tanto na carne quanto no leite. E tem potencial de prestar muito mais serviços ambientais do que vem fazendo.

Os grandes pontos de atenção que ficam de lição de casa para você, pecuarista, são praticar o manejo inteligente e buscar ter uma visão holística do seu negócio. Só assim será possível alcançar o desenvolvimento de práticas de gestão e manejo do rebanho que proporcionem o melhor ciclo e aproveitamento da água, o balanço de energia, a fixação de carbono no solo, a dinâmica das comunidades ecológicas e microbiologia do solo, entre outros.  

Uma vez que esse controle for tomado, o sistema de produção estará trabalhando a favor da melhoria contínua e sustentável de todo ambiente, e ainda trazendo melhor produtividade e resultado econômico da porteira pra dentro da fazenda.

Veja também: Proteína Animal: produção com propósito por um planeta mais saudável

Uma parceria de propósitos

Este artigo é uma parceria do Blog da Carne com a Elanco Saúde Animal e parte de uma série de conteúdos sobre boas práticas e sustentabilidade na pecuária.

Referências:

https://csr.ufmg.br/pecuaria/portfolio-item/rentabilidade/

https://blog.ipe.org.br/pecuaria-regenerativa/ LEONARDO RESENDE

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Mirella Cais

Mestre em Gestão Internacional na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Engenheira Agronôma pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP Jaboticabal). Associada à Biomarketing, TCAinternacional e Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM. Produtora/apresentadora do Programa Agrossociedade a Nova Geração.

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