sustentabilidade ambiental na pecuária

Tripé: a sustentabilidade ambiental na pecuária

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Já apresentamos o conceito do tripé de sustentabilidade e como ele se aplica na pecuária, além das dimensões econômica e social. No artigo de hoje, o tema é a sustentabilidade ambiental.

O que é sustentabilidade ambiental – o conceito:

A dimensão ambiental do tripé refere-se aos impactos de curto, médio e longo prazo que as atividades de uma organização geram no meio ambiente e todas as ações de conduta realizadas para minimiza-los.

A sustentabilidade ambiental na pecuária

No caso da pecuária, os recursos ambientais envolvem principalmente o uso do solo, água, emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), a preservação da biodiversidade e o bem-estar animal.

A cadeia produtiva de carne bovina tem recebido forte pressão internacional no sentido de garantir que a carne brasileira importada não seja produzida em áreas de produção ilegal, que seja fruto do desmatamento ou de práticas não sustentáveis.

Em território nacional, temos um consumidor que considera cada vez mais a origem como um atributo relevante na compra, o varejo e setor financeiro cobrando rastreabilidade e a indústria investindo em tecnologias de rastreio. Chegando ao produtor, encontramos iniciativas que otimizam a produção a ponto de auditar e certificar a fazenda com padrões internacionais de sustentabilidade.

Porém, a sustentabilidade ambiental na pecuária é um tema sempre delicado e polêmico e o setor como um todo, principalmente a produção de gado de corte, é constantemente associado a uma imagem de protagonista da poluição do meio ambiente.

Por que a pecuária é vista como vilã do meio ambiente?

Histórico e cultura da pecuária no Brasil

Entre os fatores que levam à esta consideração está o cultural, enraizado na história, visto que até o Plano Real a pecuária era extensiva em sua quase totalidade e o animal era visto como um ativo que vivia em pastagens degradas, com pouco cuidado até ser comercializado com o frigorífico. Com o Plano Real, a queda da inflação derrubou o preço da terra, acabou com a especulação do mercado do boi e, consequentemente, quem buscava apenas ganhos financeiros saiu da atividade. Quem permaneceu, começou a investir em tecnologia.

Nos anos 2000 e 2010, a pecuária apresentou avanços importantes, que levaram a uma redução da área ocupada por pastagens no Brasil de cerca de 14% enquanto o rebanho bovino aumentou 51% entre 1990 e 2017, segundo dados do IBGE e Embrapa Territorial. Assim, o país alcançou um crescimento que o colocou entre os principais produtores e exportadores de carne bovina, além de agregar cada vez mais valor ao produto, com foco em qualidade.

Segundo Maurício Palma Nogueira (2020) e conforme dados do IBGE, INPE, Conab e Embrapa, “de 1990 até 2019, o aumento da produtividade da pecuária e da agricultura possibilitou que 310 milhões de hectares fossem poupados de desmatamento ou devolvidos de forma voluntária e involuntária para recomposição da vegetação natural”.

Falta de comunicação

Outro fator é a falta de comunicação do setor com a sociedade como um todo, com destaque para o público urbano. Por não se comunicar, as iniciativas sustentáveis acabam sendo desconhecidas e as criminosas acabam nos holofotes da mídia, com razão, mas esta assimetria de informações gera a falsa impressão de que toda a produção atua destruindo o meio-ambiente.

A pecuária e o agronegócio como um todo atuam na defensiva, enquanto deveriam trabalhar na promoção. Produzir comunicados à imprensa quando crises ocorrem não irá melhorar a sua imagem perante o consumidor final. Temos defensores da pecuária que se comunicam para a pecuária. É preciso ir além da porteira em ações de promoção para o mercado nacional e internacional.

Contrário ao dito popular, a melhor defesa não é o ataque. Agir na ofensiva com quem critica não é a melhor solução. A cadeia toda precisa se comunicar de forma integrada, estratégica e articulada. No Brasil e no mundo, a diplomacia e um plano de marketing bem feito nos auxiliarão a valorizar a pecuária sustentável que já é realidade no Brasil.

E, de fato, há quem produz de forma ilegal ou que não preza pelas práticas sustentáveis. O primeiro, deve tem sido combatido e a boa notícia é que a tecnologia tem auxiliado as empresas compradoras de gado a vetar a compra de animais oriundos de atividades ilegais. Já os que não atuam ainda com práticas sustentáveis possuem pouco tempo para adequar suas atividades e os trabalhos de fomento vão de encontro para acelerar este processo, principalmente com os pequenos produtores.

Emissão de gases GEE

Por fim, a produção pecuária é grande emissora de Gases do Efeito Estufa (GEE) e este é um dos principais fatores pelo qual a pecuária é criticada em relação à sustentabilidade ambiental.

Em 2019, o mundo emitiu 49 gigatoneladas de gases de efeito estufa (Figura 1), sendo 2,59% das emissões realizadas pelo Brasil e apenas 0,83% pelas atividades agropecuárias (EMBRAPA, 2019). Embora a nível global não seja um percentual tão expressivo, a nível nacional a atividade, junto com a agricultura, foram responsáveis por 28% das emissões de GEE no país em 2019, segundo o Relatório do Observatório do Clima (2020).

Assim, é preciso disseminar as práticas de redução e compensação das emissões na produção como um todo. No próximo artigo, apresentaremos 5 fatores que contribuem para a sustentabilidade ambiental na produção.

Sustentabilidade Ambiental na Pecuária
Emissões de GEE na agricultura e no país em comparação com o mundo. Fonte: Embrapa (2019).

Veja também: Pecuária Sustentável e não Vilã do Meio Ambiente

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Uma parceria de propósitos

Este artigo é uma parceria do Blog da Carne com a Elanco Saúde Animal e parte de uma série de conteúdos sobre boas práticas e sustentabilidade na pecuária.

Referências

EMBRAPA. Emissões da agropecuária do Brasil correspondem a 0,84% da mundial. 2019. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/45844535/emissoes-da-agropecuaria-do-brasil-correspondem-a-083-da-mundial> Acesso em: 07 de jan. 2021.

OBSERVATÓRIO DO CLIMA. Relatório do Observatório do Clima. Disponível em: < http://www.observatoriodoclima.eco.br/en/english-proposal-from-the-climate-observatory-for-brazils-second-nationally-determined-contribution-ndc-under-the-paris-agreement/>. Acesso em 12 jan. 2021.

NOGUEIRA, M. P. Desmatamento ilegal: o agronegócio precisa assumir a liderança. Disponível em: < https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/desmatamento-ilegal-o-agronegocio-precisa-assumir-a-lideranca/>. Acesso em 12 jan. 2021.

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Juh Chini

Mestre em Gestão Internacional na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Economista na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ-USP). Fundadora do Blog da Carne, Líder de Inteligência de Marketing na @Tech, viajante, palmeirense e apaixonada por churrasco, família, amigos e uma mesa de bar. "A vida é a arte do encontro!"

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